sexta-feira, fevereiro 24, 2006

eleger com mais verdade

Diz-se que a Câmara Municipal é um órgão colegial. Para a sua eleição são elaboradas listas. O primeiro eleitor da lista mais votada é o presidente.
Por vezes as negociações e os arranjos partidários conduzem às listas pessoas que não são verdadeiramente compatíveis entre si.
Acontece porém, que os vereadores ao serem eleitos passam na prática a “ajudantes” do presidente. A concertação colegial é banida da praxis gestionária.
Por vezes ocorrem incompatibilidades, no decurso do mandato, entre o presidente e os seus vereadores. Por vezes os vereadores perdem a confiança política do verdadeiro e seu boss. Nesses casos os vereadores passam a "independentes".
Por aqui se pode aferir a capacidade de gestão colegial que é possível praticar.
Numa próxima revisão das leis eleitorais dever-se-á acabar com este sistema e erigir um semelhante ao que ocorre para a eleição dos governos da república.
O eleitor que encabeça a lista mais votada é convidado a formar o governo autárquico, sendo da sua responsabilidade directa a escolhas dos seus “ajudantes”.
Quando não se “portarem” bem o presidente pura e simplesmente dispensa-os convidando outra(s) pessoa(s) para o(s) lugar(es) deixado(s) vago(s).
Assim, terminar-se-á com a hipocrisia da governação participada e colectiva, uma vez que todos sabemos que o presidente manda e os “seus” vereradores abanam a cabeça.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

apertar o cinto?

É bom saber. Que um vereador numa câmara municipal com menos de 10 mil eleitores recebe de ordenado mensal 2.707,08 euros mais subsídio de alimentação (542.721$00 mais subsídio de alimentação).
Catorzes vezes por ano. Tudo somado é igual a 37.900,00 euros (7.598.267$).

Imagine-se uma câmara municipal com 3 vereadores em permanência.
Por mês custam aos cidadãos 2.707,08 x 3 = 8.121, 24 euros (1.628$).
Por ano custam aos cidadãos 8.121,24 x 14 = 113.697, 36 euros (22.794.274$)

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

(h)ag(b)ilidades

As organizações em Portugal deve ser ágeis. Para os novos desafios do crescimento económico e do bem estar dos portugueses, por isso as organizações devem ser flexíveis, com uma imagem apelativa e vendável. Os seus colaboradores têm de ser dinâmicos, interessantes, bons conversadores (de café, mas não só), ser convincentes e acreditarem na sua missão, terem a capacidade de trabalhar em horários sem horas, conseguirem prolongar o seu espírito de sacrifício e dedicação à organização durante muitos e muitos fins-de-semana a fio. Precisamente nos dias que deveriam guardar para o merecido descanso.
Este sentimento está em todo lado e por isso país está no bom caminho.
Até nas Terras do Mestre!

domingo, fevereiro 12, 2006

não lhes voltem as costas

As cidades e vilas, sejam grandes ou pequenas, precisam de atrair e fixar empresas e investimentos. Isso cria emprego e cria riqueza. Para tal recebem incentivos dos governos e ou também das autarquias.
Mas as cidades e principalmente as vilas afastadas dos grandes centros, também precisam, e muito, de pessoas com novas ideias, novos conhecimentos, projectos inovadores que sacudam a letargia instalada. Esses forasteiros nem sempre são bem vistos pelos instalados principescamente nas mordomias locais. Há sempre o receio que possam abrir os olhos, demais, aos indefectíveis seguidores.
Podem gerar confusões, instalar a dúvida, agitar os espíritos.
Mas, tal como as empresas e os empresários, essas pessoas deveriam ser bem recebidas e apoiadas, pois são uma mais valia para a terra que escolheram para trabalhar, viver e conviver.
Pelas Terras do Mestre algumas já chegaram e partiram, mas outras continuam a acreditar.
Sejam bem-vindas e não lhes voltem as costas!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

hospital de dia

Recentemente numa reportagem televisiva, enquanto se ouvia a notícia, passavam imagens relacionadas com a cidade/vila em causa. Entre as várias imagens, uma deixou impressão: Hospital de Dia.
O que é um Hospital de Dia?
É para pessoas que só adoecem durante o dia? E se a doença se prolongar para além do dia, são transferidos para um Hospital de Noite?! Ou simplesmente terão de regressar às suas casas?

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

sem dignidade

Está na moda falar em competitividade e valor acrescentado associando estes “chavões” ao trabalho. O atraso português relativamente à Europa deriva disso mesmo, segundo essa moda.
Ignora-se, ou finge-se desconhecer, as condições em que a maioria dos trabalhadores portugueses exercem a sua actividade. Até mesmo algumas apelidadas de «colarinho branco»: em cubículos sem ar, sem luz natural, sem aquecimento ou arrefecimento, consoante a época do ano, submersos em arquivos sem lugar de arquivo – em suma, sem o minímo de condições e dignidade!
Nestas condições, em que está em causa um trabalho intelectual, como se pode produzir em qualidade?
Outras profissões a mesma sorte quotidianamente as espera! Olhem-se para as estatísticas dos acidentes de trabalho em Portugal!
Os empresários, os governantes, os autarcas, os patrões, assobiam para o lado e exibem bons carros, bons telemóveis, acepipam bons almoços e jantares e depois pedem mais... aos trabalhadores!

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Pessoa

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa